Quem acompanha minha vida pelas redes sociais e no dia a dia sabe que tattoo sempre foi uma coisa que eu gostei muito. Boy magia por exemplo, é boy tatuado.
Mas foi só com 22 anos que fiz minha primeira. Por uma simples questão: esteticamente meu gosto muda muito, aos 15 anos, quando comecei a ver desenhos, achava motivos niponicos maravilhoso, dragões, carpas, cerejeiras. Hoje é o que eu menos gosto.
Dai a busca por simbolos que carregassem um significado e o apresso pelo processo. Na ultima sessão falei que não gostava da dor, ou do ato de tattooar, mas me enganei (continuo não sendo daqueles que piram na dor ou ficam loucos para fazer novos desenhos) e me peguei avaliando o quanto gosto do pacote completo.
1º, optei por não fazer a tattooagem em um estúdio, acho que toda aquela formalidade e horario marcado me incomodaria, e fui por indicação em um “estúdio alternativo”, calma, não é um porão de agulha enferrujada, é simplesmente o apartamento da tatuadora, que esteriliza todo o ambiente e compra o melhor material.
O nome dela é Isa, o blog dela é esse , e o apartamento fica no iconico edificio que dá nome a esse post, em um misto de república com estúdio fotográfico.
A Isa é paciente e atenciosa, as tattoos só são feitas com a aprovação dela, não gosta do desenho não faz. Quando a agulha começa a fazer seu trabalho a vitrolinha comprada no Bexiga também entra em cena. Na ultima sessão, Frank Sinatra para começar…
Ai tem os desenhos, após a assinatura do meu pai fui seguindo para os desenhos significativos, e a primeira opção foi meu playmobil:
Na verdade esse não é apenas um playmobil, é o meu primeiro brinquedo do qual eu me recordo, foi o preferido por muitos anos. Lembre-se que brincar de boneca era coisa de menina (e ainda é, apesar dos esforços dos educadores) e esse bonequinho de 7 cm era a minha boneca.
Hoje brinco que ele, aos 5, 6 anos já anunciava minha homossexualidade, calça e chapéu de porpurina azul, camisa bordada, atirava facas na pobre playmobil loirinha:
Ai temos o raio, simbolo mitologico carregado de lendas e significados quem tem 4 sentidos para seus pequenos 4 cm.
1- Meus 11 anos, quando li o primeiro Harry Potter, não sou fã incondicional, mas fui, e a série de livros, não nego, me ajudou a atravessar uma conturbada pré adolescência.
2- O raio escolhido foi o da banda ACDC, em homenagem também ao meu pai, e a minha adolescência, quando descobri que nem só de pagodes e axés se vivia, o rock surgiu tardiamente, mesmo estando na minha casa desde muito novo.
3- É também a maquiagem que estampa o rosto de Bowie em Aladdin Sane, imagem muito forte pra mim, desde sempre, e que me remete a um momento incrível profissional, quando descobri que gostava do que fazia após algumas tentativas.
4 – Patti Smith, poeta, música, seu ultimo livro é o delicado Só Garotos, tem também um raio no joelho, Patti inclusive é autora de uma das frases que deve entrar na proxima tattoo, e li o livro em um dos momentos mais delicados da vida, me ajudou muito.
Esse longo texto, e as tattooagens são na verdade representações físicas do que eu sou, complexo (como todos) e reflexivo (como poucos). Apesar do que aparento, existem raros momentos que sou impulsivo, e acho que cada um dos meus desenhos refletem isso, afinal tattoo é isso: a representatividade do eu.